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A mostrar mensagens de março, 2015

A transição de júnior para sénior - Luís Vilar

  "Um dos períodos mais críticos da carreira de um jogador de futebol é a transição de júnior para sénior, quando este tem aproximadamente 18 anos de idade. Esta fase é demarcada pelo facto do jogador deixar de competir num escalão etário e passar a jogar num escalão sem idade limite, marcado por um conjunto específico de exigências que põem à prova o equilíbrio do jogador.    Estas exigências são de natureza física (maior velocidade, força e capacidade de recuperar), técnica (maior velocidade de execução) e táctica (maior velocidade de decisão e conhecimento do jogo). Porém, as maiores exigências são de natureza psicossocial. Um treinador inglês reporta que «uma das maiores exigências prende-se com a interação com os adeptos. Se o jogador não é bem aceite desde inicio vai ter problemas em conquistar espaço, mas se acontece o contrário, o jogador pode sair largamente beneficiado».   Acomodar a transição requer um equilíbrio dinâmico entre os recursos (R) e as exigências

Força no Futebol

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  Segundo Cometti (1999) e Seiru-lo (1998) a Força é a capacidade funcional base de todas as demais, sendo que o sistema muscular é capaz de produzir força que se manifesta em circunstâncias, às vezes definida como Velocidade e noutras ocasiões manifestando-se como Resistência, mas que em ambos os casos não são mais que manifestações da capacidade de gerar Força. Podemos dizer, então, que a Força é o suporte condicional do futebolista.   O facto de o jogador possuir um valor de força máxima mais elevado vai influenciar positivamente a sua velocidade de sprint, altura de salto e a sua capacidade de reagir rapidamente a estímulos e ao contacto corpo-a-corpo (Hoff, 2005).   Apenas os treinos de carácter técnico, tático e os jogos não fornecem sobrecarga neuromuscular suficientes para gerar adaptações significativas (Sargentim, 2010). Sendo assim, é importante a inclusão do treino de Força aliada ao conjunto de treino específicos do futebol dentro do planeamento, para um melhor

Treino de Força - Manifestações e Princípios

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  A força manifesta-se de diversas formas no futebol, podendo ser dividida em três formas: força máxima, força explosiva e força resistente.       As diferentes manifestações de força estão presentes em todos os momentos do jogo, no qual, invariavelmente, uma se sobrepõe e predomina sobre as outras. P orém, todas têm uma ação conjunta na maior parte das ações do jogo. A junção dessas três divisões é classificada como força específica do futebolista. (SARGENTIM, 2010) Manifestações do Treino de Força Muscular: Força Máxima:  - Força que é desenvolvida por uma máxima contração muscular. O aumento dessa capacidade gera melhorias na execução dos movimentos específicos do futebol, tais como: aceleração, rotações, saltos, sprints e corridas em velocidade com mudança de direção. (FORTEZA, 2006 citado por, SARGENTIM, 2010)   - O treino de força máxima tem como objetivo adaptar o sistema neuromuscular a cargas pesadas e ao recrutamento rápido das fibras musculares de contração rápidas

Treino de Força - Iniciação

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  As crianças e os jovens atletas beneficiam com programas de treino de força para ajudar na melhoria da condição física e no desempenho no desporto, ou ainda para reduzir a probabilidade de lesões durante a prática desportiva e recreativa. (Fleck, 1999, apud, GARCIA; GARCIA; KUPLICH; LINCK, 2007)   Porém, é preciso utilizar uma escala de progressão gradativa respeitando as fases do desenvolvimento desportivo que começa com a iniciação do trabalho de força no escalão dos sub-13 com exercícios com o peso do próprio corpo e ir progredindo gradativamente com a inclusão de exercícios com peso livre e variações dos métodos e exercícios. (KRAMMER, 1997, APUD SARETTI, 2010)   Saretti (2010) divide a iniciação do treino de força em 4 categorias:  - Sub-13/14 (iniciação): Iniciação ao trabalho de força, introdução a exercícios específicos de força priorizando pesos livres e do próprio corpo.  - Sub-15 (formação): Iniciação ao trabalho de força, carga subestimada, variab

Treino de Força - Meios e Métodos

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   Sendo o treino hoje em dia cada vez mais analisado, pensado e complexo a Força requer uma atenção cuidada por parte dos Treinadores. A importância do treino de força no futebol possibilita o desenvolvimento dos grupos musculares mais importantes no futebol no regime de trabalho que o caracteriza, melhora a eficácia dos gestos desportivos que dependem diretamente da força e contribui para o desenvolvimento de outras capacidades motoras como a velocidade, coordenação e resistência. Métodos para trabalhar a força no futebol:       - Trabalho em circuito por estações;       - Trabalho em rampas, areia ou água (força resistente);       - Exercícios aos pares (resistência ou peso do colega);       - Treino de força no ginásio;       - Pliometria;       - Electroestimulação;       - Trabalho específico do treino da força;       - Passe longo / remate;       - Jogos reduzidos;       - Outros jogos e exercícios técnico-tático.   Domínguez (2000) propõe

Treino de Força - Orientações Metodológicas

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- O trabalho de força deverá ser realizado ao longo de toda a época desportiva. - A força explosiva ou força rápida é o tipo de força mais importante no futebol e pode ser trabalhada em associação com a coordenação e velocidade. - O trabalho de força deve ser realizado após uma activação inicial (específica) e sucedido por um adequado trabalho de alongamento muscular - O treino de fo rça deve ser periodizado, ou seja, as rotinas devem ser alteradas periodicamente para que as adaptações continuem a verificar-se.

Treino de Força - Resposta e Adaptações

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  Moura (2003) considera que o treino de força muscular provoca rápidos ganhos no início, sem que se observe um acompanhamento de aumento de massa muscular.    Essa adaptação inicial pode ser explicada pela melhoria nos padrões de recrutamento das unidades motoras, e pode ser chamada de adaptação neural (aprendizagem). Ou seja, o treino de força gera adaptações no sistema motor, onde se pode atingir o limiar de impulso mais rapidamente, recrutando mais fibras de forma sincronizada.   Pinho, Alves e Filho (2005), dizem que outra adaptação que maximiza o ganho de força é a interação dos músculos agonistas e antagonistas, pois, para um maior desenvolvimento da força, o músculo agonista necessita minimizar a ação da co-ativação para os antagonistas.   “Essa coordenação intramuscular aperfeiçoa a capacidade de força pela contração dos agonistas e o relaxamento dos antagonistas.”   Os mesmos autores ainda destacam a hipertrofia das fibras como fator de melhoria da força muscula

Treino de Força - Fator de Profilaxia de Lesões

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  O futebol tem passado por diversas mudanças, assim como o seu calendário desportivo que está cada vez mais competitivo. O aumento de jogos e treinos aumentam a probabilidade de lesões em atletas.   O treino de força além de determinante para os atletas de futebol, pode ser um grande aliado na prevenção de lesões, nomeadamente musculares e articulares. (SARGENTIM, 2010). Já que, uma musculatura bem desenvolvida consiste numa proteção eficaz contra lesões (WEINECK, 2003, citado por, CARMO, 2010).    Podendo também atuar positivamente na reabilitação, pois, tem sido prática comum prescrever exercícios de fortalecimento na tentativa de acelerar a recuperação de lesões músculo-esqueléticas, bem como reduzir a reincidência dessas lesões após a volta à atividade (MOURA, 2003).   Segundo Sargentim (2010), as lesões musculares geralmente ocorrem quando existe um desequilíbrio muscular, ou seja, desequilíbrio entre a ação concêntrica (agonista) e ação excêntrica (antagonista). P

Futebol de Rua, a mística do verdadeiro futebol!

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" Eu aprendi a jogar na rua, no quintal, que é como se aprende a jogar futebol. " – Pelé   Para muitos a rua foi onde descobriram o futebol, onde não havia treinadores, nem árbitros, nem marcações a delimitarem o campo, onde eram táticos sem o saber e onde as balizas eram pedras. O local onde era retratada a liberdade, onde não havia regras, e uma paixão pura pelo futebol.   Mas estamos noutro tempo, onde a rua é em asfalto e sinónimo de perigo e insegurança, o que retrata a sociedade de hoje onde já não vemos crianças a brincar na rua.   Onde antigamente a mãe tinha que gritar para o filho ir jantar, nos tempo de hoje sãos os pais ou encarregados de educação a levá-lo ao clube.   Houve uma certa mudança, mudança esta, que mudou o futebol, onde a irreverência, “malandrice”, “ratice” deu lugar à organização demasiada, formatações táticas e excesso de comportamentos coletivos.   É assim, uma necessidade atual de criar às crianças e aos jovens uma aprendiz

Velocidade no Futebol

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  Um dos aspetos que caracterizam os jogos desportivos coletivos, e em particular o jogo de Futebol, é a velocidade com que os jogadores devem tomar decisões táticas e a celeridade com que as devem exteriorizar através da ação motora.   Para Weineck (2000, p.356), existe uma complexa classificação das formas como se apresenta a velocidade no Futebol:  Velocidade de Perceção: por meio dos sentidos (visão, olfato, audição), absorver rapidamente as informações importantes do jogo;  Velocidade de Antecipação: sobre a base da experiência e do conhecimento do adversário prever as ações dos companheiros e adversários;  Velocidade de Decisão: decidir-se no menor tempo possível por uma ação efetiva entre várias possibilidades;  Velocidade de Reação : reagir rápido em ações surpresa do adversário, da bola e dos companheiros de equipa;  Velocidade de Movimento sem Bola: realizar movimentos cíclicos e acíclicos em alta velocidade;  Velocidade de Ação com Bola: realizar açõ

Treino de Velocidade - Meios e Métodos

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  Um método universalmente válido para o treino de velocidade dificilmente poderá ser apresentado e   isso deve-se ao facto de que o desempenho da velocidade em diferentes desportos é muito complexo ou tecnicamente muito específico.    Segundo Poel e Eisfeld, citado por Weineck (2000) em Cunha (2014, online), o treino da velocidade deve ocorrer em quatro níveis:  Coordenação geral, por meio do treino da corrida;  Melhoria do poder de saída e de reação com o uso de formas de treino semelhantes ao jogo;  Treino da velocidade por meio de formas de treino específicas do Futebol com a utilização da bola;  Treino da força.    Considera-se que todos os tipos de treino e preparação têm como objetivo aumentar a rapidez, a velocidade de resposta e a melhora de sua utilização em condições de competição. A velocidade deve ser treinada tanto no período preparatório, como no competitivo, devendo neste último, ser utilizados principalmente exercícios específicos e com bola (Godik &

Treino de Velocidade - Orientações Metodológicas

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- Treinar velocidade significa apelar à capacidade máxima de o atleta alcançar um objetivo ou percorrer uma distância o que requer máxima concentração e mobilização da vontade;  - Para que os esforços sejam máximos e assim se recrutem as fibras rápidas, as pausas devem ser longas, ativas e completas, de forma a possibilitar a regeneração bioquímica;  - Deve ser treinada logo após um aquecimento adequado e nunca no final da sessão com fadiga instalada, onde a capacidade de concentração e mobilização de vontade são menores;  - Realizar exercícios de curta duração que não ultrapassem os 10 segundos para recrutar dessa forma, exclusivamente, as fibras rápidas;  - Utilizar distâncias curtas (até 20 metros) e não ignorar o deslocamento em curva;  - Associar a velocidade de decisão, reação e aceleração com a velocidade gestual na realização de gestos técnicos, exigindo sempre movimentos fluídos;  - Considerando a variabilidade da corrida rápida em Futebol, devemos valorizar a t

Maturação Biológica

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    Maturação biológica é um fator determinante na evolução do desempenho motor de crianças e jovens, por isso os aspetos relacionados ao crescimento e desenvolvimento físico devem ser considerados na avaliação da performance motora e na organização e planeamento do treino de jovens atletas.   Na puberdade a massa corporal pode apresentar valores discrepantes entre adolescentes da mesma faixa etária.    Os indivíduos que apresentam idade biológica adiantada, na maioria das vezes, possuem valores superiores relativas ao tamanho físico, devido ao aumento dos componentes minerais e da massa magra se comparado aos que ainda não tiveram grande atuação dos processos hormonais responsáveis pelo crescimento.    Assim, esta diferenciação da composição corporal pode torna-se um fator relevante no que diz respeito ao desempenho desportivo.   Malina (2004) e Seabra (2002) complementam afirmando que, no mesmo grupo de idade cronológica ou numa equipa, os que estão num nível s

Feedback, um instrumento pedagógico - PARTE II

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“ Treinar bem é o resultado de comunicações eficientes”   Segundo Pacheco (2002), a preparação dos jogadores faz-se, principalmente, através do treino, e que um bom treino implica o estabelecimento de comunicações eficientes entre as partes envolvida: o treinador e os jogadores.   Sendo o treino um processo de ensino/aprendizagem, a intervenção do Treinador passa por um relação de proximidade com o grupo de trabalho, de forma a complementar, corrigir e adequar os conteúdos, na tentativa de atingir os objetivos idealizados. Assim, o uso de feedbacks torna-se uma ferramenta indispensável neste processo.   A comunicação é essencial para que haja uma aprendizagem de qualidade, sendo que a intervenção do treinador deve ser adequada. A instrução é uma das funções essenciais num treinador e a sua eficácia depende seriamente do seu comportamento de instrução.  Assim, nasce a necessária ponderação sobre a forma de comunicação e de atenção à utilização do elogio ou da crítica, d

Feedback, um instrumento pedagógico - PARTE I

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  P odemos definir feedback como um retorno da informação que permite avaliar, dirigir e influenciar a atividade do atleta numa determinada direção, ou seja, uma condição obrigatória para ocorrer aprendizagem (corrigir e melhorar movimentos). Podemos classificá-lo como: - Intrínseco : Indicador interno. Perceção do próprio executante, através do conhecimento da sua performance (visão, proprioceção, tato, audição, etc..) e dos seus resultados - Extrínseco : Suplemento intrínseco dado pelo Treinador, através do conhecimento da performance (vídeo, fotos, pais, etc..) e dos resultados. Os fatores que influenciam o Feedback são: - M otivação : o feedback aumenta os níveis de motivação e leva o atleta a aumentar o esforço. - Reforço : o feedback permite opinar positiva ou negativamente as ações. - Informação : feedbacks de informação sobre erros como base para correção. Feedback – Quando?    Quando há realização de novas tarefas, deve ser utilizado um feedback in

Ganhar não é tudo, mas...

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  É verdade que, de facto, ganhar não é tudo, mas temos que concordar que é agradável quando sentimos e vemos os nossos atletas vibrarem com a vitória após o apito final, pois ninguém treina para perder. Então, o problema quando ganhamos está no tipo de vitória, no que temos para ganhar.   É fundamental que os treinadores analisem as dificuldades sentidas durante o jogo e expliquem aos atletas que apesar da vitória houve alguns aspetos em que não estiveram bem e que nas próximas sessões de treino terão de ser melhorados. Para além de realçar os aspetos menos positivos do jogo, o treinador deve também salientar os aspetos positivos , proporcionando assim, uma maior motivação aos jovens atletas.   Assim, como treinador sinto que nos jovens o sentimento de vitória é uma necessidade, pois é manifestada através da alegria e não da depressão que é sentida nos momentos da derrota.

Relação Treinador-Atleta

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   O desporto implica, inevitavelmente, interações sociais ou processos de grupo, que ao nível da competição assumem um caráter intergrupal e interpessoal.      A compreensão do papel dos treinadores na orientação das equipas torna-se muito importante se aceitarmos que as suas ações implicam não só o ensino e aperfeiçoamento de competências físicas, técnicas e motoras, mas também envolvem um efeito sobre o desenvolvimento psicológico dos atletas, seja através da transmissão de um conjunto de princípios e valores acerca do desporto, seja pela forma como os ajudam a lidar cada vez mais eficazmente com as crenças exigências da competição.   A relação treinador-atleta assume especial importância no sucesso desportivo do treinador sendo que as relações existentes no grupo/equipa condicionam todas as ações em que estão envolvidos. Um treinador deve ser capaz de motivar os seus atletas, essencialmente nas fases mais difíceis, com o intuito de extrair o melhor partido de tod

“Sem campos de petróleo, os jovens são um bem precioso”

  Na apresentação da candidatura da Lista A à presidência do Vitória de Guimarães SC, Júlio Mendes, atual dirigente, assumiu claramente que a austeridade apertada dos últimos tempos dará lugar a um forte investimento na equipa profissional. "Vamos investir no sentido de aumentar a competitividade. Apesar da vocação empresarial do clube, o projeto desportivo estará em primeiro lugar", prometeu, lembrando que a sustentabilidade financeira de um clube depende sempre do "sucesso desportivo".   Júlio Mendes prometeu mesmo que o segundo mandato "não será um prolongamento do primeiro". "É claro que pretendo solidificar o trabalho já realizado, mas quero abrir caminho para um novo paradigma", anunciou, enquadrando neste plano a "criação de uma Academia". "Enquanto não descobrirmos um campo de petróleo, os nossos jovens jogadores serão os bens preciosos. Temos de captar os melhores de Guimarães e não só, acolhendo-os em condições devi

Formar ou Ganhar?

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  Nós, treinadores, somos reconhecidos pelo sucesso ou insucesso, não pelas metodologias e princípios de treino postos em prática, mas inevitavelmente pelos resultados obtidos.   Por vezes, no desporto, o que distingue o bom do excelente é a capacidade de se autosuperar tanto física, psicológica, técnica e taticamente, e o alcance de mais e melhores resultados.   Como antigo jogador de futebol de formação, posso afirmar que, o desejo de jogar no fim-de-semana era refletido numa semana de treinos. Para além de trabalhar para ser cada vez melhor, tinha que superar as adversidades impostas pelo treinador e mostrar disponibilidade e ambição para demostrar que estava pronto para jogar.   A ambição de vencer é, nomeadamente, incutida pelo treinador que, na palestra antes do jogo realça sentimentos como “paixão”, “garra”, “atitude” e “raça”. Relembro um treinador que nos pedia para “não deixar o adversário respirar” e até “para comer a relva”. “Sangue, suor e lágrimas” repetia